RIO — Na contramão do mundo, que conseguiu reduzir o número de novas infecções por HIV em 16% desde 2010, o Brasil registrou um aumento de 3% no período. Na América Latina, o país é líder de novas contaminações, respondendo por 49% dos casos estimados em 2016, apesar de responder por aproximadamente um terço da população da região. Em segundo lugar está o México, com 13%
Os números foram divulgados nesta quinta-feira pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Em 2016, a estimativa é que a América Latina tenha registrado 96 mil novas infecções pelo vírus da Aids, pouco mais que as 94 mil de 2010. Além de 1.800 novas contaminações de crianças, concentradas na Venezuela, Brasil e Guatemala.
A tendência de aumento no número de novas infecções por HIV foi registrada na Argentina, também com 3% de variação entre 2010 e 2016, mas o cenário é particularmente grave no Chile, que registrou aumento de 34% no período, e em alguns países da América Central, como Guatemala, com 23%; Costa Rica, com 16%; e Panamá, com 9%. No outro extremo, Colômbia, El Salvador, Nicarágua e Uruguai conseguiram reduzir o volume de novos casos em mais de 20%.
Apesar dos problemas pontuais, a América Latina vem demonstrando progressos no combate à Aids. Devido ao aumento do acesso a tratamentos, a mortalidade relacionada com a doença caiu 12% entre 2000 e 2016, de 43 mil para 36 mil mortes anuais. Os maiores avanços aconteceram no Peru (62%), Honduras (58%) e Colômbia (45%).
O relatório da Unaids estima que existam 1,8 milhão de pessoas que vivem com o HIV na região, sendo que 81% delas sabem da condição. Destas, 72% têm acesso a tratamento com antirretrovirais e, destas, 79% estão em supressão viral. A meta das Nações Unidas para 2020, conhecida como 90-90-90, é que 90% das pessoas infectadas tenham conhecimento disso, e das que saibam da infecção, 90% estejam em tratamento. E das pessoas em tratamento, 90% tenham supressão viral.
O número de pacientes com acesso a antirretrovirais praticamente dobrou na região, de 511.700 em 2010 para 1 milhão em 2016, mas a cobertura varia de país a país. A Argentina é o país com maior oferta, com 64% dos pacientes em tratamento, seguida pelo Brasil e México, ambos com 60% de cobertura. Na outra ponta, Bolívia, com cobertura de apenas 25%, e Paraguai, com 35%, sofrem para ampliar o acesso a terapias antirretrovirais.
O Globo
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/brasil-responde-por-metade-das-novas-infeccoes-por-hiv-na-america-latina-21611557