Por Renata Rusky
Publicação: 30/04/2017
O simpósio Interssections III, fruto de uma parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e o Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (EUA), reuniu, em São Paulo, grandes nomes da oncologia do Brasil e dos Estados Unidos. As discussões giraram em torno, principalmente, de como personalizar, ao máximo, o tratamento oncológico. Isso só é possível graças a alguns avanços, mas ainda há muito a ser feito. “A ideia é não tratarmos todos os pacientes da mesma forma. É focar nas moléculas tumorais e ver o que elas dizem. Dessa forma, podemos identificar diferenças em tumores que parecem idênticos e decidir o tratamento”, explica o cirurgião Murray Brennan, do Memorial.
“O futuro, não só da oncologia, mas da medicina é personalizar”, corrobora Paulo Marcelo Hoff, diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer de São Paulo. Ele explica que, graças à personalização da análise das moléculas do tumor, pesquisadores descobriram que dois cânceres em locais diferentes podem ser mais parecidos do que dois de mesma localização. “Saímos de uma situação em que o tratamento era baseado na estrutura anatômica pura para outra em que o componente molecular é o mais importante”, explica Hoff.
Uma das novidades mais interessantes, que facilita a análise das especificidades de cada câncer, é a biópsia líquida, muito usada nos Estados Unidos, mas pouquíssimo difundida no Brasil. O método permite ter acesso às células do tumor sem procedimentos invasivos. Além disso, facilita uma avaliação mais completa do tumor, e não só daquela parte que foi retirada. “O tumor é uma coleção de células diferentes. Ele é muito heterogêneo. Se retiramos um pedacinho para estudá-lo, não significa que estamos analisando a totalidade dele”, explica o bioquímico Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês.
Fonte: Correio Braziliense – DF (30/04/2017)