Preços cobrados devem ter aumento de 17% a 25% este ano, segundo levantamento do Credit Suisse
As principais operadoras de planos de saúde do Brasil, que viram as margens de lucro serem pressionadas pelo congelamento de preços praticado durante a pandemia, têm acelerado o ritmo de alta dos reajustes para tentar recuperar o que já perderam para a inflação desde então. Levantamento feito pelos analistas do Credit Suisse, com base em dados que as empresas são obrigadas a divulgar, mostra que os preços cobrados em planos para funcionários de companhias de pequeno e médio porte devem ter avanço de 17% a 25% este ano – superior à alta verificada no ano passado, de 10,7% na média, e acima do IPCA do ano passado, de 5,79%. A diferença, diz o banco, representa uma tentativa das operadoras de compensar a defasagem que os valores dos planos enfrentam desde o início da pandemia e o aumento da sinistralidade per capita, uma outra consequência da crise de saúde causada pela covid-19. Na Hapvida, o reajuste médio neste ano foi de 19,94%, acima dos 15,90% aplicados em 2022 O esforço, porém, talvez seja insuficiente para gerar expansão das margens e da receita, alerta o Credit Suisse, porque os custos podem seguir em alta e as empresas podem sofrer com perda de clientes, em função do próprio reajuste do valor dos planos e do aumento da taxa de desemprego, que voltou a subir. Em março, cresceu para 8,8%, no quarto avanço consecutivo mensal. Em dezembro, estava em 7,9%. O levantamento do Credit Suisse considera apenas os planos de saúde para empresas que somam até 30 vidas, cujas mudanças de preços precisam ser informadas pelas operadoras à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a serem aplicadas entre abril de 2023 e maio de 2024, conforme a data de aniversário de cada contrato. Entre as operadoras que já divulgaram os índices, o maior aumento de plano foi da Porto Seguro, que subiu, na média, 24,90%, alta de quase 10 pontos percentuais em relação ao reajuste de 15,90% aplicado ano passado. A Porto Saúde representou 11,5% da receita da Porto Seguro no quarto trimestre. A empresa não abre quanto os planos para PMEs representam no resultado. Em seguida aparece a SulAmérica Seguros, com um reajuste médio de 24,76% em 2023, acima do aumento de 18,16% registrado ano passado. O segmento de planos PME representou 32% das receitas operacionais da empresa no terceiro trimestre de 2022 – que foi adquirida pela Rede D’Or. No caso da Hapvida, o reajuste médio neste ano foi de 19,94%, acima dos 15,90% aplicados em 2022. Essa carteira de clientes representou 24,8% da receita de planos de saúde da empresa no quarto trimestre, que somou R$ 6,3 bilhões, crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período de 2021. No caso das demais empresas, a média de reajustes das carteiras divulgados até agora foi de 20,53% na Unimed, 23,40% na Amil e 23,28% na Careplus. Bradesco Saúde, Doctor Clin e Omint ainda não divulgaram os índices de reajuste para este ano. Para o Credit Suisse, o alto reajuste praticado pelas empresas neste ano reflete o aumento dos custos, que deve impactar também a carteira dos grandes planos empresariais.
Texto extraído do site: Valor Econômico |