*Por Marcelo Accetta, Economista, Diretor da Quality Finance, Professor de Economia e Especialista em Custos Hospitalares.
Entramos em 2023 com algumas incertezas no campo da economia, mas tendo a clareza do caminho correto em que precisa ser percorrido, das principais decisões a serem tomadas e cada vez mais, evidentemente, do conhecimento do sistema de saúde, principalmente diante de um cenário econômico onde projeta-se um crescimento do PIB em 2022 de 2,7% para 2,9%, de acordo com o Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central do Brasil e com a economia global tendo previsão de crescimento de 1,7% em 2023. Já o Brasil deve crescer 0,8% em 2023. Isso por causa das altas taxas de juros, que restringem os investimentos, e das exportações que vêm crescendo em ritmo mais lento.
Conhecer sistema de saúde é conhecer dados de custos e com isso passar mais certeza nas projeções e nos investimentos, fundamental neste segmento. “Em 2022, inovações trouxeram grande avanço para o setor, como o uso da Inteligência Artificial, Internet das Coisas Médicas (IoMT) e telemedicina”, que, sem dúvidas, continuarão em alta nos próximos anos. Para 2023, novas tendências prometem ainda mais qualidade de vida, otimização de tempo e de sua produtividade, novas experiências e prevenção, ou seja, tendo modelos mais preventivos e consequentemente menos desperdícios. As empresas atuantes neste mercado e os hospitais precisam se preparar para encarar um 2023 de muita evolução tecnológica. O foco está voltado para atenção primária e a demanda por investimento em tecnologia é alta, buscando prevenção e minimizando riscos, evitando, assim, que as pessoas adoeçam facilmente.
Cenário difícil para os hospitais de pequeno porte, caso estes não busquem o caminho das mudanças, caminhos estes que passam por um novo modelo de gestão, com investimentos no campo da tecnologia da informação, objetivando ter um sistema mais robusto, integrando melhor suas ações, como também novos parceiros, fundamental importância para acelerar seus crescimentos e suas ofertas de serviços, buscando assim mais sustentabilidade e com suas contas mais equilibradas, em um mercado que busca mais sobrevivência.
Necessário, diante de todo esse contexto, com o objetivo de um maior avanço para 2023, ou seja, alternativas de remuneração da conta médica, fato muito discutido, mas sem um final concluído. Discute-se muito Valor, mas com os “personagens” desse segmento tendo diferentes definições para este termo, tornando-se, assim, mais difícil ter uma definição final.
Penso que a partir deste 2º semestre de 2023 teremos um melhor entendimento da política econômica, trazendo maior segurança para os investimentos, mas lembrando que a saúde não tem muito tempo para esperar (saúde não tem preço, mas tem custo). Precisamos ter dados reais de custos e consequentemente informações concretas, estratégicas que possam auxiliar no planejamento e gestão do setor. Informações não são opiniões, são dados comprovados, sem previsibilidades, portanto atentar para isto também faz a diferença.
Ano desafiador e com riscos para os operadores versus fornecedores e empresas farmacêuticas, devido “a índices de sinistralidade altos, à necessidade de reajustes acima da inflação e um cenário de crescimento mais fraco de beneficiários, estima-se em 6.7%.” Além disso, o salário-mínimo para enfermeiros é outro ponto a ser levado em conta, principalmente para operadoras verticalizadas e hospitais, fato este que pode impactar diretamente na folha de pagamento do setor e alta do custo.
A expectativa é de que as margens dos provedores e operadores continuem pressionadas em 2023, com pressão de custos médicos ainda alta para o setor, que espera normalizar até 2024 com reajuste dos planos.
Lembro também que a economia global, segundo o BC, continua enfrentando um cenário adverso, com a política de covid-zero na China, as consequências da guerra na Ucrânia, o aperto generalizado da política monetária, e a persistência, embora em menor grau, de disrupções nas cadeias produtivas se mantendo como fatores de incerteza e risco importantes no cenário internacional.
Portanto, a importância do setor saúde tem uma responsabilidade enorme na geração dos recursos, sendo estes limitados mais com uma necessidade ilimitada… Planejamento pautado para o caminho do crescimento, para tomada de decisão, para produção das informações concretas e estratégicas e na projeção dos investimentos com análise da viabilidade econômica, são algumas das importantes demandas desse contexto para o ano de 2023.
Fonte informada(“): Saúde Business